domingo, 20 de janeiro de 2013

Navegadores do Século XXI


Caso fosse possível analisar o código genético de um país, Portugal, dentro das imensas informações inscritas no seu ADN, teria uma que se destacava: o Mar. Vejamos, no século XV e XVI Portugal formou o primeiro império global da história através das suas longas cruzadas marítimas. Desde sempre, o mar é pintado, escrito e cantado por artistas lusos. As especiarias, aliadas ao marisco e peixe de alta qualidade, trazem a maresia aos nossos pratos, espelhando o esforço e a dedicação das comunidades piscatórias formadas ao longo da costa portuguesa. Não podemos negar, o mar corre nas "veias” do país, tornando a nossa cultura tão especial.

Atualmente, as antigas caravelas portuguesas, as mesmas que levavam Portugal ao Mundo, são confundidas por outro tipo de embarcações. Embarcações de formato diferente, que são utilizadas nas modalidades desportivas náuticas. Através do seu uso, estes navegadores tentam retirar sensações de prazer, adrenalina e superação, num desporto onde as regras da natureza imperam. Uma dessas modalidades é o surf. 

O surf, enquanto modalidade desportiva, surge em Portugal nos anos 70, cativando desde então um grande número de praticantes. Os milhares de quilómetros projetados ao longo do Oceano Atlântico estão repletos de excelentes ondas, dotadas de uma regularidade ímpar na prática desta modalidade. Se adicionarmos os fatores geográficos à “cultura marítima” do povo português, compreendemos o facto de Portugal somar ano após ano, feitos únicos no surf:

  • Pelo sexto ano consecutivo, Tiago Pires mantém-se no circuito mundial de surf Association Surfing Professional (ASP). Atletas como Vasco Ribeiro e Frederico Morais acumulam resultados fantásticos no circuito mundial de juniores, prevendo um futuro bem risonho ao surf nacional.
  • Desde 2009, Portugal, mais concretamente Peniche, recebe uma etapa do circuito mundial de surf da ASP. Para além de receber os 35 melhores surfistas do mundo, a cidade de Peniche hospeda um grande número de espetadores, que esgotam a lotação da cidade, beneficiando a economia local e nacional.
  • Em Outubro de 2012, é inaugurado o primeiro Centro de Alto Rendimento de Surf em Portugal. Para além deste, está prevista a inauguração de mais três, localizados em Viana do Castelo, Aveiro e Nazaré.
  • Em 2010, o município da Nazaré convida o surfista Garett Macnamara, a desenvolver um projeto de três anos intitulado de North Canyon. Logo no segundo ano do projeto, este surfou uma onda de 23, 77 metros na praia do Norte, batendo o recorde do Guiness e colocando a cidade de Nazaré no roteiro mundial do surf. Este facto levou a que em 2012, atletas como o campeão mundial Joel Parkinson e Kelly Slater, tenham surfado esta onda. 
  • Portugal recebe anualmente um grande número de turistas provenientes de todo o mundo, cativados essencialmente pela qualidade das ondas. Zonas como Peniche, Ericeira, Nazaré, Costa Vicentina Alentejana e Açores conseguem ter este tipo de turismo todo o ano.


Todo este potencial e trabalho desenvolvido levantam algumas questões: Numa altura em que a crise afeta gravemente o nosso país, poderá o surf principalmente através do turismo associado, alavancar a economia nacional? Quais as estratégias que deverão ser seguidas?
Estará na altura de voltar ao Mar, Portugal?


M.Ferreira

1 comentários:

  1. Sem dúvida que a imensidão azul desde sempre nos acompanhou e "lançou" desafios. O Surf é uma modalidade que pouco a pouco começa a ganhar dimensão, visibilidade, e talvez em breve deixe de ser olhada como um "hobbie". Na minha opinião, as potencialidades que podem ser extraídas do Surf estão subaproveitadas. É necessário dinamismo, sentido de empreendedorismo e proatividade!
    Baseando-me nos surfistas que conheço e que fazem parte das minhas relações (próximas), acredito que caminhamos no bom sentido!
    Sim, voltemos ao Mar, Portugal!

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