domingo, 27 de janeiro de 2013

Contratos televisivos nos grandes


Nas últimas décadas, temos assistido a uma mudança de paradigma no futebol actual e longe vão os tempos em que os clubes apenas se governavam com receitas vindas da venda de jogadores ou de bilheteiras. Olhando para a lista elaborada pela credenciada agência de auditoria/consultoria inglesa, das receitas anuais dos principais clubes dos 5 melhores campeonatos europeus, observamos uma grande supremacia dos dois gigantes espanhóis face à concorrência. Nos casos do Real Madrid (479.5m€), pela oitava época seguida no topo e do Barcelona (450.7m€) pela quarta vez seguida no segundo lugar do pódio. O terceiro classificado da lista Manchester United aparece a uns incríveis (83.7m€) do Barcelona. Esta disparidade, em parte, é justificada pela enorme desproporcionalidade no peso dos contratos televisivos a favor dos dois clubes espanhóis. No campeonato espanhol esta discrepância é ainda mais assustadora. Olhando para o clube espanhol que se segue nesta lista da Delloitte, o Valência com 116.8m€ encontra-se bem longe dos quase 500m€ de receitas anuais do Real Madrid. 
O favorecimento destes dois clubes, quanto aos contratos televisivos é por demais evidente e neste campo a disparidade para os restantes ainda é maior, pois tanto Valencia como Atl. Madrid se encontram fora do Top 20 dos clubes com maiores receitas televisivas. Isto em parte pode justificar o que temos vindo a assistir no campeonato espanhol nos últimos anos, dois clubes milionários que lutam pelo título sem ninguém capaz de se intrometer nessa luta, restando apenas aos restantes clubes lutar pelos lugares europeus. 

Observando os restantes campeonatos, e pegando no exemplo da Premier League, estas discrepâncias já não são tão evidentes, visto que existe um “bolo” comum a todos os clubes e outra parcela é dividida consoante a classificação dos clubes no final do campeonato, juntando o número de transmissões que foram efectuadas. Este método parece não ser muito favorável aos clubes mais poderosos mas sem dúvida que ajuda a estabelecer um nível de competitividade bem mais elevado entre os clubes da Premier League. No caso da Bundesliga estas receitas televisivas já não têm tanto impacto, casos como Bayern que apenas 22% das suas receitas anuais provêem das receitas televisivas, Schalke (18%), Hamburgo (21%) e Dortmund que representa o “outlier” deste grupo de equipas do top-20 em termos de receitas televisivas com 31%. Comparar estes valores com os de outros campeonatos, no caso da Liga BBVA, Real Madrid (39%), Barcelona (37%), acontece semelhante nos clubes ingleses onde o Chelsea apresenta o valor mais elevado com 43%, Arsenal (37%), Machester United (33%), ou seja, entre 1/3 e 2/5 das receitas anuais destes clubes são provenientes de contratos televisivos. Na Serie A e Ligue 1, o caso ainda é mais preocupante, Inter de Milão (60%), A.C. Milan (51%) e Juventus (46%), Lyon (54%) e Marselha (52%) vêem as suas receitas anuais serem metade provenientes desses contratos.

Ao olharmos para estes dados, podemos afirmar que o sistema adotado pela Bundesliga é o ideal e o aconselhado a todos os clubes Europeus, mas também não nos podemos esquecer que a visibilidade de um campeonato alemão ainda não é o mesmo de um Inglês e até mesmo de um Espanhol, que dominam o mercado asiático aumentando as suas receitas globais com os novos contratos televisivos em quase 50%. Visto isto, é compreensível que vejamos os clubes alemães optarem por outros modelos de gestão para obterem receitas e não dependerem tanto de contratos televisivos. 

Será que esta disparidade de riqueza entre os clubes ditos “grandes” e os clubes de baixo da tabela vai continuar ou uma renegociação dos direitos dos contratos televisivos nestes campeonatos tornaria as coisas bem mais atrativas? Será que estes tais clubes “grandes” vão deixar isso acontecer? O exemplo de gestão a seguir será o observado na Bundesliga? Tudo isto, são questões que nos vamos colocar nos próximos anos, mas o que vale acima de tudo é que o interesse pelo futebol ao vivo nestes grandes campeonatos continua inabalável e os clubes ainda conseguem obter algum “incoming” das receitas de bilheteira. Pelo menos por agora.

JPereira

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